domingo, 28 de fevereiro de 2010

O último Tango em Paris

"ELA - Sabe por que eu me apaixonei por ele?

ELE - Fala logo

ELA - Porque ele sabe como fazer eu me apaixonar por ele.

ELE - Você quer que este homem que ama proteja e cuide de você.

ELA - Sim

ELE - Você quer que este guerreiro de ouro, viril e poderoso construa um forte onde você possa se esconder para nunca mais ter medo nem sentir-se sozinha ou vazia? É isso que você quer?

ELA - Sim

ELE - Bem, você nunca encontrará.

ELA - Mas eu encontrei esse homem.

ELE - Então, logo ele vai querer que você construa um forte para ele com suas tetas, sua vagina, seu cabelo e seu sorriso e com seu cheiro. Um lugar onde ele se sinta tão confortável e seguro para que você o adore diante do altar do próprio pinto.

ELA - Mas eu encontrei esse homem.

ELE - Não. Você está sozinha. Totalmente sozinha e não poderá livrar-se desse sentimento de estar só até encarar a morte a sua frente."

trecho do filme O Último Tango em Paris - Bernardo Bertolucci

Muito bom! arte arte! ewoé! belíssimo!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

borboleta

Ser
será
sereia
serei
sem
se
s
saiu os olhos da água
depois as asas
comecei a acreditar na aparição de fadas e seres alados
me assustei
fiquei rindo olhando
como deus trazia crianças com botas pro mundo.
...já tinha me avisado que encantava...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

baby

Baby
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso

Você precisa
Saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa
Saber de mim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim

Você precisa
Tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção
Do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Baby, baby
Há quanto tempo

Você precisa
Aprender inglês
Precisa aprender
O que eu sei
E o que eu
Não sei mais
E o que eu
Não sei mais

Não sei
Comigo
Vai tudo azul
Contigo
Vai tudo em paz
Vivemos
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa
Você precisa...

Não sei
Leia
Na minha camisa
Baby, baby
I love you
Baby, baby
I love you...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

eu por agora...

Eu me tranco em caramujos. O meu perfume deseja vôo, mas meus olhos buscam a escuridão. Quero ficar na água, banhar meu corpo, lavar pedaços não tão bem sadios. Eu faço tudo enquanto você dorme. No seu sono, você viaja conhece lugares mulheres. Eu lavo minha casa. Eu esqueço do fim. Estou aprendendo a costurar, e assim que eu conseguir manejar um pouco melhor a agulha, vou bordar outros significados pelos vãos da minha casa. Ela vai ser minha, vai ter mais espaço e você existirá apenas distante daqui.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

vento de anjo

A menina acordou, limpou os olhos de resto de remela da noite, piscou três vezes, como se fosse um desejo mágico para que o sono fosse embora. Acordou, deu três pulos, pegou a gata, o beijo matinal e... Tinha algo de diferente no pensamento da criança, algo que nunca esteve ali pela sua cabecinha, mas que hoje, no dia de sol na manha, ela pensara.

Piscou de novo, e o pensamento: um anjo. Pensou o que seria um anjo, qual era o seu formato, a sua cor, o gosto da língua adormecida, se ele teria sexo, se anjo teria nome e apelido. É porque naquele dia de calor, enquanto dormia, gotas salgadas iam sendo criadas na superfície de sua pele, e debaixo de sua nunca, no canto esquerdo da boca. E no sono, o sonho veio. Um sopro de anjo que beijava com o vento dos lábios o seu corpo molhado de suor agora por um momento mulher. Um frescor percorria as suas pernas a bunda o peito. Ela teve medo de tentar olhar o que era aquele ser que fazia do tempo pedaço parado de universo completo. Ela teve medo de abrir os olhos, e sua curiosidade levar pra longe aquele que lhe pegava nos braços sem tocá-la. A única certeza que ela tinha era que aquilo só poderia ser anjo. Quem mais no universo poderia lhe deixar congelada de paz então pequeno pedaço de tempo preenchido? Qual ser lhe faria sentir calor, sem sentir o tremor de dor no peito? A menina só conseguiu ouvir o silêncio, e agradecer.

Depois acordou com a boca seca, o gosto salgado doce nos lábios. Abriu os olhos do sono, agora em tempo de mulher, ao lado, o corpo de homem na cama. Ele voltará.