Sabe aquele vestido pendurado há alguns anos no cabide, o vestido rosa da tua infância barbie, pegarão ele e enfiarão nos seus braços, depois pescoço e corpo inteiro. Sabe aquele óculos que não é seu, e não funciona para os seus olhos, colocarão na sua cara. Sabe aquele sorriso, que você nem sabe por que tantos por aí tem, eles pregarão no seus lábios. Suas idéias serão criadas por outros que não são os seus eus, e você vestirá a armadura do mundo, por que viver já é quase impossível, e viver contra tudo isso é viceral.
Somos sonhadores ou loucos, minha querida Amada,acreditamos em um Universo em que não vemos, não ouvimos, para o qual não existe explicações científicas. Defendemos esse mundo imaginário de "Bob", por não acreditar que a vida possa ser só isso... isso que nos ensinam quando ainda estamos no colo de nossas mães. Mas será que todo esse apredizado da individualidade e busca do acúmulo do não sei o quê, será que isso realmente é algo vivo? Nos encontramos no repleto estado da espera. Esperamos que as coisas sozinhas se alterem. Mas e como elas chegaram até aqui? Qual a nossa participação nas coisas na forma em que elas se encontram?
Fecho meus olhos deitada em minha cama, penso no mundo, no lugar que agora ocupo e preencho. Escuto sua voz ao telefone, percebo suas inquietações, faço suposições, imagens do que é a sua menina e do que eu gostaria que ela fosse. Mas o que não vejo, mas algumas dessas coisas inesplicavéis me diz, é que a sua sensibilidade não pode ter vindo ao mundo apenas para reproduzir o já feito e executado.
Caia no mundo, meu anjo. Se jogue com as pernas abertas, provavelmente você vai se arrebentar. Mas no final de tudo, você pode estar mais perto de algo que é você.
Um dia escrevi na parede do meu quarto, em baixo da foto de uma amiga: A arte não ama os covardes. Agora penduro ao lado o seu sorriso, e escrevo com letras garrafais: ESSA MULHER VEIO AO MUNDO PRA ILUMINAR, ELA RECEBEU O DOM DA CORAGEM.
amo-te.
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