domingo, 28 de março de 2010

Mulher minha

Teus beiços, mulher minha, carnudos com carnes frescas, treme e geme mulher minha. Por onde andas?


Soco, cago, vomito e emagreço. Estou virando em circulações constantes. Eu não posso mais dormir. Eu sei, sei saber de outra como eu. Mulher, aí aí mulher... você me chega, me beija e já tua, não mais eu, agora essa. Quero sair agora. Quero beiços vermelhos, com ventre maduro, e pele de piá.


Girassol, girassol andarilho

Me apareceu

Dorminhoca agressiva

Essa sou eu

Amorteço meu peso

Me derrubo por ti

Essa

Essa

Vaidade

Eu sou água mulher

Mãe

Mulher

Fêmea

Olha nos meus olhos.

Você vê o vazio?


Acorda Amélia! Amélia acorda! Sai daqui! Sai correndo! Leva contigo essa que não sou! Leva pra longe essa bunda só de parideira e me traz vivo um pedaço grande de mulher! Planta aqui! Nos meus peitos! E depois deixa no meu útero o pedaço teu de mãe eterna, e deixa pendurado nas minhas orelhas duas meninas crianças. Vai e vem em seguida. Morre aqui nos meus olhos que já nascem novos olhos de mulher. Plantei vasos de seringueira. Você já viu essa árvore em vasos? Parece segredo da mata. Parece o mundo dizendo amém, amem amem amem mulheres! Vocês vieram, nasceram no mar. Amor lava minha casa. Percebo nos ladrilhos o calor do sol que entra pelo pano azul. Ele e o café. O cheiro de café de mulheres que se espalham pelo mundo. Muitas mulheres fazem café. Você viu o cheiro que fez a manhã? Foi esse.

domingo, 21 de março de 2010

da dor dela

Ana beatriz
Belíssima
Implicante inexplicavelmente
Acordou e se fez assim
Nasceu chata
Magrela caolha
Chata
Sarnas nos peitos
O quadril redondo pequeno
Acorda de remela
Late
E manda beijo pro mundo
Pequenos
Goles
De amor
Esvoaçam por aí
Eles e os fios de cabelo
De Ana beatriz
Pedaço de amor
Sem mentira
De dentro da caixa
Os olhos tortos
Unhas mal feitas
E sol que nascia perto
Beliscava sua bochecha
Os cabelos em forma de cacho
Caiam no sorriso
Dele
Ele
No caminho da frente
Na ilusão invenção
Caixa de lápis de cor
Meu bem

domingo, 14 de março de 2010

agora assim

... eu estou assim há muito tempo, fugindo de mim, não querendo me conhecer, me aceitar. Mas estou aqui, estamos aqui. A minha essência, a minha mãe, que perfuma o mundo. Eu percebo o vento que movimenta o ar, que ocupa o mundo, que reverencio. Axé. Salve minha mãe! Eu quero o espelho da minha alma. Quero vê-lo com coragem, todos os lados, as cores, os disparos, setas, preenchimentos, luz. Axé axé axé. Eu vim ao mundo pra amar. Mas o amor brota dentro, não no outro como venho buscando. Ele brota e incendeia, se espalha, reverbera, acolhe, restaura, ama, come, cospe, se esconde, existe, troca, doa. Amor que brota no meu templo.

Vamos correr pelados na chuva?